Cães voltam a andar com transplante de células do focinho

Ao injetar células do focinho saudáveis na medula lesionada, cientistas da Universidade de Camdbridge devolveram os movimentos a 23 cães submetidos ao estudo.

A notícia divulgada ontem, mexeu com a comunidade científica e encheu de esperança donos de cães e também de pessoas que sofreram algum tipo de dano na medula. O biólogo Robin Franklin que participou da pesquisa declarou: “Acreditamos que a técnica pode vir a ser usada para recuperar parte dos movimentos em pacientes humanos com lesões na medula vertebral, mas há um longo caminho a percorrer até podermos afirmar que eles serão capazes de recuperar todos os movimentos perdidos”.

No caso do estudo com cães, foram 34 animais sem movimento nas patas traseiras separados em dois grupos. O primeiro grupo, com 23 animais, recebeu o transplante das células olfativas e outro, com 11 animais, que recebeu solução aquosa neutra para comparativo. Os cães que receberam o transplante apresentaram melhoras significativas e voltaram a andar enquanto os do grupo de controle não apresentaram melhora alguma.

Jasper, da raça de cães Daschound

Com dez anos de idade, ganhou fama ao demonstrar o sucesso do estudo.

Mas porque células do focinho?

Como publicado no F5: “Após chegar a idade adulta, o nariz é a única parte do corpo em que terminações nervosas continuam a crescer.

As células foram retiradas da parte posterior da fossa nasal. São células especiais que rodeiam os neurônios receptores que nos permitem sentir cheiros e convergir estes sinais para o cérebro.

Os cientistas dizem que as células transplantadas regeneraram fibras na região lesionada da medula. Isto possibilitou que cachorros voltassem a usar as suas patas traseiras e coordenar o movimento com as patas da frente.

Em humanos, o procedimento poderia ser usado em combinação com outras drogas para promover a regeneração da fibra nervosa e substituir tecidos lesionados.

Geoffrey Raisman, o especialista em regeneração neurológica da University College London, descobriu em 1985 este tipo de célula olfativa, que foi usada na pesquisa de agora.

Ele avalia que este foi o maior avanço dos últimos anos na área, mas diz que não é a cura para lesões de medula. “O procedimento permitiu que um cachorro lesionado voltasse a usar suas pernas traseiras, mas as diversas outras funções perdidas em uma lesão de medula, como uso da mão, controle da bexiga e regulação de temperatura, por exemplo, são mais complicados e ainda estão muito distantes”.

Na pesquisa, as novas conexões não ocorreram em longas distâncias, necessárias para conectar o cérebro a medula. Os pesquisadores do MRC disseram que em humanos isto seria vital para pacientes com lesões na medula, que perderam funções sexuais e o controle da bexiga e do intestino.

Por enquanto, o procedimento fez a alegria de May Hay, a dona do cão Jasper: ” Antes do tratamento, nós usávamos um carrinho de rodas porque as suas patas traseiras eram inúteis, mas agora ele corre pela casa e no jardim e acompanha os outros cachorro, é maravilhoso!”

Via Folha de São Paulo e G1

 

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